Carência Afetiva

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Ao nascer passamos por um trauma. Saímos do útero que nos protegia, nos mantinha aquecidos, com ambiente escuro, silencioso e aconchegante para, de maneira brusca, nos inserir em um ambiente frio, com luz, barulho e movimentação de pessoas na sala do parto. 

Isso nos deixa assustados. O local que nos faz lembrar do útero é o colo da mãe, de novo, o aquecimento, o aconchego, o alimento.

Até um ano de vida o neném não sabe quem é quem, para ele, ele e a mãe dele são a mesma coisa. A partir desses doze meses a criança já começa a ser independente e se desprender da mãe também passa a perceber que ela divide a atenção, cuidados e amor com outras pessoas do mundo ao seu redor.

O sentimento de abandono e rejeição dão inicio nessa fase, pois a mãe já não é o objeto “exclusivo” dele, então sente raiva.
Raiva? Sim, é o primeiro conflito. Amor e ódio daquela que é a sua mãe. 

Esse sentimento nutrido promove outro sentimento que é o de culpa e o impele a mudar o padrão de comportamento para amenizá-los. Começa então a reprimir seus impulsos e atua como aquele que é o bonzinho, o comportado, sempre diz “sim”, etc.

Mas ele não consegue atuar assim por muito tempo, devido a imperfeição, falibilidade, e limitação humana. A mascara cai pois desperta sentimento de menos valia e baixa autoestima.

Ele quer se livrar desse sentimento ruim e para isso ele busca a mãe de anteriormente, a “exclusiva”. O bebe sente dessa forma, mas na verdade não é bem assim, e vira um ciclo vicioso de amor sem amadurecimento o que acaba transferindo essa expectativa para as outras pessoas na fase adulta.

A carência afetiva está presente entre nós, uns com maior, outros com menor intensidade. Não há limite de idade, tanto crianças, quanto jovens, adultos e idosos sentem a necessidade de preencher o vazio de suas vidas.

Se a relação objetal mãe/bebe não for bem estruturado, abandono real, displicência, relação instável, inclusive respostas vagas para a criança a intensidade dessa carência será maior e possivelmente esse individuo a levará por toda a sua vida, carregando sentimento de desamparo.

Buscamos no companheiro ser acolhidos, seguros, conforto que antes tivemos. Acreditamos que algum dia encontraremos alguém com tanta dedicação e assim seremos felizes, sem nos darmos conta de que estamos buscando em nosso parceiro os nossos pais que tínhamos na infância.

Lembramos que o todo o processo descrito acima e outros que agregados que também contribuem para uma carência afetiva mais acentuada ou não, se passa de uma maneira inconsciente, primitiva, através dos instintos. 

Hoje você, na fase adulta, pode identificar e localizar na infância as descrições ora expostas aqui.

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