Faça um Seguro Mental

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Se lembra dos exploradores do Ártico que enterravam mantimentos ao longo do caminho para se precaverem de possíveis surpresas, acidentes e eventos que acabassem com as reservas de suprimentos?

Assim, mesmo estando muitas vezes esgotados pela viagem exaustiva em uma região tão inóspita, o que diminuiria sua capacidade de projetar novas saídas e a criação de soluções, eles poderiam usufruir daquilo que eles mesmos prepararam para si, mesmo estando muitas vezes esgotados pela viagem exaustiva. Desta forma, os mantimentos escondidos funcionavam como um “seguro” a ser “resgatado”, ou seja, uma solução ideal que aparece no momento exato, exigindo o mínimo de esforços quando estamos cansados demais para produzi-los.

Assim como os antigos exploradores, é necessário muitas vezes criarmos em nossas mentes pontos estratégicos de socorro mental, ou seja, um conjunto de pré impressões construídas em um momento de tranquilidade, com o propósito de deliberadamente nos voltarmos a elas em momentos de dificuldades em que nossa capacidade de análise estiver comprometida, na maioria das vezes em que estamos no meio da tempestade, tendemos a acreditar que ela jamais se abrandará, ela parece tão devastadora e parece ganhar cada vez mais poder de destruição, que dentro de nós, não raramente, se instala uma impressão não consciente de que jamais veremos novamente a luz do sol… mesmo que isso contrarie toda a lógica, e que a análise dos eventos históricos nos sinalize sempre a volatilidade de todas as situações humanas, sejam elas boas ou ruins. Nós sabemos disto, mas na hora esquecemos.

Todavia existe uma ação que poderá lhe salvar nestes momentos, ela não dependerá de terceiros, depende apenas de você, faça um SEGURO MENTAL! Aproveite um momento de serenidade (talvez agora enquanto lê este texto) e reflita consigo mesmo sobre a inconstância das coisas, “Um homem não pode entrar em um rio duas vezes, pois ao voltar já não é mais o mesmo rio, e ele já não é mais o mesmo homem… tudo mudo o tempo todo. A única coisa que não muda é que tudo muda” (Heráclito). Compreende isso? Não importa o quanto você esteja bem agora, saudável, cercado de amigos… já se aproxima o tempo em que a dor chegará em uma de suas muitas formas, perdas, despedidas, feridas físicas ou não… Se faz um belo dia de sol enquanto você lê isto, entenda que a noite se aproxima, e se é noite, o sol nascerá amanhã.

É hora de guardar mantimentos, respire fundo, sinta cada parte de si mesmo e perceba como é bom estar bem, então para assinar sua apólice diga;

EU ESTOU BEM E TENHO CONSCIÊNCIA DISTO!

Esta é sua apólice, ninguém poderá te roubar, agora quando a dor chegar, ela não lhe pegará desapercebido, displicente… ela encontrará alguém que absorveu toda a luz e está pronto para a cota de escuridão a que todos estamos sujeitos, “A noite fria me ensinou a amar mais o meu dia, e pela dor eu descobri o poder da alegria, e a certeza de que tenho coisas novas, coisas novas pra dizer” (Belchior). Porém, uma vez dentro da tempestade, é hora de resgatar sua apólice, a chave do resgate é simples, basta dizer a frase; “EU ESTIVE BEM, E TINHA CONSCIÊNCIA DISTO” não passei por esses momentos como um autômato. E se enquanto lê este texto, sua mente está tomada por uma noite longa de dor física ou emocional, feche os olhos e diga a si mesmo, que por mais escuro que esteja, o dia amanhecerá cedo ou tarde, não é a primeira vez que acontece… explique a si mesmo, que como todos os mortais, você tem sua cota de dor a pagar, ela faz parte das lições e aprendizados desta vida e é hora de novo investimento, assim que lhe for resgatada a paz interior, pela certeza de jamais ter desperdiçado (ou nunca mais desperdiçará) os bons momentos, complete o ciclo com a frase;

EU FICAREI BEM E TEREI CONSCIÊNCIA DISTO!

Parabéns! Você acaba de fechar um ciclo virtuoso que poderá salvá-lo da desesperança, em momentos em que geralmente não sabemos o que pensar, o que sentir, o que dizer a si mesmo… você traz de volta estados de paz guardados na mente em outros momentos, ao fazer isto, você se certifica de sair do “piloto automático”, aquele que faz com que a maioria das pessoas não percebam os momentos de paz por estarem com suas mentes no “futuro” ilusório das necessidades, para essas pessoas, quando a tempestade vem, ela traz consigo o gosto amargo do “Eu era feliz e não sabia”… e sendo a dor, a única força capaz de trazer-lhes de volta para o “agora”, vivem então a vida saltando de dor em dor, por não terem consciência da paz intermediária. Por não terem plantado nada nos bons momentos, se pegam surpresos no frio cortante do Ártico de sua condição humana, totalmente incapazes de encontrar em meio a frieza do sofrimento, qualquer alimento para suas almas que não raramente, morrem de frio… FAÇA UM SEGURO!

(por Israel Costa)

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